Des(concerto)
E meu coração pediu calma
(pediu calma sem dar o exemplo)
Eu não sei onde por as mãos
quando faz sol demais em meu peito.
E eu, sempre cheia de palavras
me descubro delas, pousada ausente
porque eu não sei o que dizer
quando não sei onde por as mãos.
É que toda minha desenvoltura
dura frase e meia e um suspiro
e depois eu me perco no ritmo
e então eu não sei respirar
sem revolver todo ar à minha volta.
E se de norte a sul eu pulso mais forte
o pulsar não me move, nem me demove
Antes me paralisa na suspensão inerte
e eu pairo no dia como folha de outono.
É o desconcerto que seus lábios trazem
que me eleva desse chão sujo
E eu ainda não sei onde por as mãos
o que dizer ou como ritmar meu peito
mas sei exatamente da calmaria
contida no teu beijo leve, doce,
quase trêmulo, seguro, entregue,
me contando tudo que eu preciso saber.
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