quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Image: images.com



Da imprevisibilidade


Hoje, esperei milênios por um telefonema que não veio. Mas, não vindo, estranhamente me disse muito. E me disse sem que eu deixasse, sem que eu perguntasse, sem que eu permitisse. Foi assim, despejando verdades em cima de mim o telefonema que não recebi. Me contou coisas sobre outros, mas principalmente sobre mim; me sussurrou aos ouvidos cantigas que eu só pude ouvir por ter me tornado silêncio. O telefonema que não veio, me contou sobretudo, histórias de amor e desamor.
Hoje, recebi um telefonema que eu não esperava. E, passado o espanto, ao atender achei que sabia o que vinha, mas não sabia. E eu ouvi palavras que me contavam sobre dores e amores, mas diziam mais. Diziam de como a vida pode ensinar. E eu me tornei silêncio, não porque eu quis mas pelo nó, que sem querer, formou-se em minha garganta. Também este telefonema me contou histórias, das mais impensáveis às mais conhecidas. Eu ouvi. Aturdida, o coração pulsando nas mãos.

Hoje, muitas histórias sobre mim, me estão sendo contadas.