quarta-feira, 5 de dezembro de 2007





*Photo: Tuta



Medicina alternativa

Da janela me espreitam
esses fantasmas famintos
Essa dor aguda no peito
pode ser ausência afiada
pode ser mal de Chagas
hipocondrice à meia-noite
crise de solidão mal curada.
Sei que dói,
dor sem nome
sem saber direito onde
sem prever ao certo quanto
sem fazer alarde, sem vestigiar.
Mas existe e excede. Presente como ar,
elefante branco no meio da sala.

Fecho a janela.
Ainda dói.

Amanhã, com coração descansado
(de alguma forma
que ainda não sei como,
refeito e desdoído)
esperarei que nasçam em meu quintal
girassóis alucinógenos medicinais
contra essa dor de não-sei-porquê.




9 comentários:

mg6es disse...

a dor é ser, minha linda... a dor é ser, e isso basta...

agora mesmo, doeu saudades nalgum lugar de meu peito...

perfeição de poema, viu!

perfeição... é... perfeito!

beijos!

Leandro Jardim disse...

O poema é ótimo e o fnal genial!

"girassóis alucinógenos medicinais
contra essa dor de não-sei-porquê."

primoroso!

beiJardins saudosos

Anônimo disse...

Muito bom...

Casa muito com o que sinto agora, mas estou inapto pra dizer com palavras

Beijos

Anônimo disse...

Não tenho cura para nada, mas tenho um sorriso imenso para tapear a dor.

Se quiser/precisar, liga.

Azul

Anônimo disse...

Hei...quer o número de novo??

Bjs

Azul

Sandra Regina disse...

Se conseguir uma muda desses girassóis manda pra mim... (vou ter de ser repetitiva: primorosa a imagem dos versos finais!) Beijos dessas bandas onde a dor também dói.

Anônimo disse...

ai, ai, ai de mim... com uma medicina alternativa destas quero "cair de cama" tal qual receituário médico: 3 x ao dia (rss...) 1 bj

marcos pardim

Anônimo disse...

"Escrever nem uma coisa Nem outra -
A fim de dizer todas
Ou, pelo menos, nenhumas.
Assim,
Ao poeta faz bem
Desexplicar -
Tanto quanto escurecer acende os vaga-lumes."
Manoel de Barros

Anônimo disse...

No seu jardim punhais, punhais de surpresas intensas na escuridão para nos amparar da fragilidade , e vem a cor estou certo estou no corpo...
com um punhal vermelho aceso , a vejo com deslumbramento Alteza!