Baseado em fatos (sur)reais
Faltou amor. Faltou amor para um novo primeiro carinho de [re]aproximação. Faltou amor que suplantasse a mágoa, que fizesse olhar para diante, o que vem depois da percepção. E faltou amor para acreditar que valia a pena, para fazer valer a crise, para trazer mais amor com a mudança. Faltou amor quando a pequena criança sentiu falta do cachorro e se inventou uma viagem de mentira sem data de retorno. Faltou amor quando se cedeu ao cansaço; faltou amor para olhar para um futuro possível. E faltou amor suficiente para assumir o risco de se querer mudar; e faltou amor necessário para cuidados diante da fragilidade alheia; faltou amor para fechar os olhos e seguir, sem saber para onde, apenas com fé no sentimento que vinha no peito, arrancando suspiros e soluços e alegrias e medos e vida. Deixando passado e futuro de lado, no momento exato – no melhor presente – faltou amor de um lado (ausência inconsciente) enquanto sobejou amor do outro. Mas faltou amor mesmo foi no olhar duro e turvo que condenou imediatamente o erro cometido como se fora ele o mais imperdoável dos enganos: o que comete quem deixa faltar amor no instante crucial, no mais carente auspício de amor maior.