quinta-feira, 12 de junho de 2008



*Photo: Maria Muller



unu et idem

É a matéria da qual somos feitos.
Você percebe também?
Somos feitos do mesmo
pedaço de sonho carmim.
E somos mais que dois,
muitos, tantos, outros
os que estão por vir.
Somos siameses de coração
felinos de desejos aguçados
caminhamos nos equilibrando
entre muralhas da China
e torres brancas de Taj Mahal.
Somos seres habitantes
do paralelo, do lado de lá,
da margem sutil do improvável.
Dicotômicos, paradoxos,
completamente complexos
simples feito algodão-doce.
Trazemos na alma o segredo
de saber que o mundo
à parte mundo, à parte tosco,
pertence a nós, aos que pulsam forte,
aos que só sabem seguir
simetricamente alinhados ao infinito.
Porque sonhos se reconhecem.
E é quando eu te sinto aqui
o único instante perene
em que todo o nonsense do mundo
passa a fazer algum sentido.
E já não importa se é noite, frio ou aurora
importa tão somente é me perder
na imensidão desconhecida do teu olhar.

(E é só então que eu,
viajante, andarilha, estrangeira,
me sinto, enfim, em casa.)

Nenhum comentário: